terça-feira, 15 de maio de 2012

Por favor, enterrem nossos mortos e não a nossa história

Algum jovem pode responder uma pergunta? Qual o acontecimento histórico dos últimos 35 anos mais importantes na história do Brasil? Enganam-se os que falam que foi a vitória do Brasil na Copa de 1970, sagrando-se tricampeão mundial. Não é de se espantar, que muitos jovens até hoje encontram-se submersos na ignorância política e histórica do Brasil. Realmente, o Brasil, ou melhor o Estado brasileiro, não possui interesse em trazer à tona tudo o que ocorreu no início dos anos 70. Este não é o tipo de assunto que os adolescentes estudam no ensino médio.
Para conhecimento e resgate de alguns jovens do lodo do esquecimento, a  guerrilha do Araguaia planejada desde 1966, colocada em prática em 1970 e descoberta e divulgada pelas Forças Armadas em 1972, foi o acontecimento histórico mais injusto e mais obscuro da história não somente do Brasil, mas da própria Força Armada, mais precisamente, do Exército Brasileiro. Guerrilha conhecida como: "Batalha dos 100 contra 20 mil". A divulgação maior para população do Pará foi intitulado como "União pela Liberdade e pelo Direito do Povo" No entanto, a necessidade dos jovens comunistas da época em se enquadrar no perfil socialista mundial, fez com que a divulgação fosse feita em cima do jargão: " Igualdade pelos Direitos do Povo".
Uma igualdade que muitos guerrilheiros não tiveram a chance de conhecer. Lutaram contra os algozes, os assassinos dos direitos fundamentais da sociedade brasileira. Não somente lutaram, mais morreram pela liberdade e pela revolução. Alguns nem sequer tiveram a chance de serem enterrados devidamente. Seus restos mortais, até hoje continuam uma incógnita aos familiares. Qual interesse em ocultá-los? Quem disse, que os mateiros da época que agiam sob forte ameça bélica não sabem onde encontrar o corpo de Jaime e Lúcio Petit da Silva? E tantos outros, que simplesmente sumiram do convívio dos seus familiares e tiveram seus sonhos sequestrados e chacinados pelos então, poderosos do governo brasileiro.
O Brasil foi condenado por uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA por reparação a família dos mortos da Guerrilha. Isso em 2010. Em 14 de Dezembro de 2012, completasse 2 anos de condenação e nada foi feito! Entre as determinações da OEA está a investigação, a punição dos responsáveis pela tortura, homicídios, desaparecimentos forçados e identificação e entrega dos restos mortais dos desaparecidos aos familiares.
Vale ressaltar que até hoje ninguém se mobilizou realmente a cumprir esta sentença de condenação, nem a própria presidente Dilma, que sofreu na pele torturas desumanas e cometeu crimes políticos se compadeceu das famílias, que poderia então, ser a sua! Afinal, para os jovens que não sabem, a presidente da república cometeu assaltos e sequestros e foi anistiada, ou seja, não foi julgada pelos crimes cometidos. E agora, está à frente do Brasil, e que deve explicação à sociedade brasileira.
O Exército mediu esforços para procurar os restos mortais dos guerrilheiros desaparecidos, mas como irão achar, se foram eles que ocultaram os corpos? Uma ação no mínimo paradoxal enfrentada pelos comandantes e pelos políticos que ainda estão ativos no cenário obscuro do Congresso Nacional.
Se o Brasil não se preocupa com a condenação da corte da OEA, imaginem a sociedade imatura? A sociedade dos jovens, que só querem fazer a Marcha da Maconha. Realmente, não se "fazem" mais jovens como antigamente.
Enquanto isso, o cemitério de Xambióa continua silencioso e seus mortos, só pedem para serem enterrados como cidadãos que lutaram pelo bem estar nacional.
Termino esta publicação lembrando da frase da camisa da irmã de Jaime e Lúcio, Laura Petit: "A ÚNICA LUTA QUE SE PERDE É A QUE SE ABANDONA".
 Luta essa que a então presidente abandonou quando conseguiu se eleger. Mas, não esqueçamos: Dilma, poderia ser você!

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